A resiliência é a habilidade de superação e retorno da homeostase em meio a adversidades e pode ser desenvolvida desde quando crianças. Na vida adulta, a resiliência é importante para superar os obstáculos da vida de forma inteligente e gentil consigo mesmo.
A história Fátima, do Truth and Tales, conta sobre a vida de Fátima, a personagem principal que passa por várias dificuldades, mas sempre se levanta dos obstáculos e segue seu caminho. O conto não aborda a questão da resiliência em si, mas é uma característica predominante de Fátima, mostrando como ela lida com todas as adversidades, tristezas e frustrações ao mesmo tempo que continua perseguindo seus objetivos.
Vamos entender mais sobre resiliência? Baseamos nosso artigo em vários materiais do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard.
Resiliência pode ser definida como um bom resultado em meio às adversidades. Linda C. Mayes é professora de Psiquiatria Infantil, Pediatria e Psicologia na Escola de Medicina da Universidade de Yale. Linda define resiliência como a habilidade ou conjunto de capacidades definidas para uma adaptação positiva que permite que o equilíbrio seja mantido.
Todos nascemos com a capacidade de resiliência, mas por ser uma habilidade, é necessário que seja desenvolvida. A resiliência é construída com o tempo, assim como a arquitetura do cérebro é formada. É uma habilidade individual, mas que precisa de interações entre pessoas e entre a criança e a comunidade em geral. A resiliência necessita de vários fatores para ser desenvolvida: relações responsivas, comunidade segura, pais, mães ou responsáveis qualificados, alimentação saudável etc.
Para entender o desenvolvimento da resiliência de forma mais precisa, vamos imaginar uma gangorra onde sua base, geralmente fixa e no centro, agora é móvel, podendo ir para a esquerda ou para a direita. De um lado da gangorra estão as experiências protetoras e habilidades de enfrentamento (que nos ajudam a superar períodos de estresse); do lado oposto, estão as adversidades.
A resiliência é evidente quando a saúde e o desenvolvimento da criança tendem a resultados positivos, mesmo quando uma carga de fatores é empilhada no lado dos resultados positivos da gangorra. Com o tempo, os impactos positivos cumulativos das experiências de vida e habilidades de enfrentamento têm a capacidade de mudar a posição da base móvel da gangorra, que começa a se mover para mais perto do extremo das adversidades, tornando mais fácil atingir resultados positivos.
O fator mais comum para crianças desenvolverem resiliência é ter pelo menos uma relação estável e comprometida com o pai, mãe, cuidador ou outro adulto. Essas relações fornecem base, proteção e o necessário para desenvolver a capacidade de resposta de acordo com a necessidade do momento. Isso amortece as crianças da interrupção do desenvolvimento.
Elas também constroem capacidades chave – como habilidade de planejamento, de monitorar e regular comportamentos – que permitem que crianças respondam adaptativamente às adversidades e, assim, prosperem. Essa combinação de relações de apoio, construção de habilidades adaptativas e experiências positivas são as fundações da resiliência.
Crianças que se saem bem frente a sérias dificuldades geralmente têm resistência a adversidades e relações fortes com adultos importantes da família e da comunidade em que vivem. Resiliência é o resultado da combinação de fatores de proteção. Sozinhas, nem características individuais ou ambientes sociais garantem resultados positivos para crianças que passam por períodos prolongados de estresse tóxico. É a interação entre a biologia e o ambiente que constrói a habilidade da criança de lidar com as adversidades e superar as ameaças rumo a um desenvolvimento saudável.
As capacidades relacionadas à resiliência podem ser fortalecidas em qualquer idade. O cérebro e outros sistemas biológicos são mais adaptáveis no início da vida. Enquanto seu desenvolvimento estabelece as bases para uma ampla variedade de comportamentos resilientes, nunca é tarde para construir resiliência.
Atividades que promovem saúde e apropriadas à idade podem melhorar significativamente as chances de recuperação de um indivíduo de experiências indutoras de estresse.
Por exemplo, atividades físicas regulares, práticas de redução de estresse, e programas que ativamente constroem funções executivas e habilidades de auto-regulação melhoram as habilidades de crianças e adultos para lidar, se adaptar e até prevenir as adversidades que podem acontecer ao longo da vida.
Adultos que fortalecem essas habilidades em si mesmos podem servir de modelos e mostrar de forma mais efetiva comportamentos saudáveis para seus filhos, melhorando assim a resiliência da próxima geração.
Diante dos percalços ocorridos na vida de Fátima, que é uma das histórias do aplicativo Truth and Tales, muitas pessoas podem interpretar que a personagem é uma pobre coitada perseguida pelo azar e vítima de tantas situações. Porém, Fátima demonstra muito poder e sabedoria ao encarar e ultrapassar os desafios. A capacidade de Fátima de dar a volta por cima dos desafios, apesar das dores, cansaço e adversidades, é fruto da resiliência.
Histórias em que há desafios e frustrações é importante para que as crianças tenham contato com adversidades sem vivê-las na própria pele. Isso ajuda a prepará-las para enfrentar situações desafiantes no contexto de suas vidas.
Texto: Luisa Scherer
Resilence – Center on the Developing Child – Harvard University
In Brief: What is Resilience? – Center on the Developing CHild – Harvard University