A palavra empatia popularizou-se muito nos últimos anos e por esse motivo você já deve ter ouvido falar dessa expressão. Mas apesar dessa popularização, você já se perguntou o que ela significa? Já se questionou como é possível desenvolver a empatia e a partir de qual idade ela se manifesta?
Nós podemos sentir empatia em diversas situações desde muito pequenos. Em momentos em que nos deparamos com realidades totalmente diferentes das nossas, por exemplo, quando vemos alguém sendo insultado por outra pessoa ou passando por uma situação que cause algum tipo de desconforto a alguém, sentimos empatia. Você mesmo pode fazer esse exercício de se recordar em quais situações sentiu empatia.
Segundo a definição do dicionário da Universidade de Cambridge, empatia é “a capacidade de compartilhar os sentimentos ou experiências de outra pessoa imaginando como seria estar na situação dessa pessoa”.
A revista Greater Good, que é do Greater Good Science Center (GGSC) da Universidade da Califórnia, Berkeley, publicou um artigo onde aponta que pesquisadores de emoções geralmente definem empatia como a capacidade de sentir as emoções de outras pessoas, juntamente com a capacidade de imaginar o que outra pessoa pode estar pensando ou sentindo.
A empatia é uma experiência emocional e cognitiva. Os componentes emocionais da empatia são os primeiros a emergir no ser humano. Os bebês começam imediatamente a refletir os estados emocionais e as expressões das pessoas ao seu redor. Graças aos neurônios-espelho, bebês de até 18 horas costumam mostrar alguma capacidade de resposta a outros bebês em perigo. Não ensinamos bebês como fazer isso; eles nascem programados para mapear as experiências de outras pessoas em seus cérebros e corpos.
Segundo Lawrence Kutner, psicólogo infantil norte-americano e autor de seis livros, com dois anos de idade uma criança vê sua mãe chorando, por exemplo, e pode fazer um movimento para oferecer a ela o que tem em mãos, um brinquedo ou comida. No entanto, diante dessa ação, não fica evidente se a criança aos dois anos reconhece o sentimento da mãe ao chorar.
O autor escreve que quando uma criança tem quatro anos de idade, ela começa a associar suas emoções aos sentimentos dos outros. “Enquanto uma criança diz que tem uma dor de estômago, algumas crianças de 4 anos podem vir e consolá-la. Outros, vão passar por cima da criança e dar um soco no estômago”.
“No entanto, nos dois casos, a criança saudável está demonstrando sua empatia por quem está doente. A criança agressiva não sabe o que fazer com a habilidade que está desenvolvendo. A dor da outra criança faz com que ele se sinta desconfortável. Em vez de fugir ou esfregar seu próprio estômago, como ele poderia ter feito um ano antes, ele se sente frustrado e ataca”, destaca.
A Making Caring Common, uma iniciativa da Universidade de Harvard, elencou algumas dicas para cultivar empatia, que são elas:
1. Simpatize com seu filho e modele a empatia pelos outros: as crianças aprendem empatia tanto por nos observar quanto por experimentar nossa empatia por elas. Quando temos empatia com nossos filhos, eles desenvolvem laços confiantes e seguros conosco. Esses apegos são fundamentais para que eles queiram adotar nossos valores e modelar nosso comportamento e, portanto, construir sua empatia pelos outros.
2. Oferecer oportunidades para as crianças praticarem empatia: as crianças nascem com a capacidade de empatia, mas ela precisa ser nutrida ao longo de suas vidas. Aprender empatia é, em certos aspectos, como aprender uma língua ou um esporte. Requer prática e orientação. Considerar regularmente as perspectivas e circunstâncias de outras pessoas ajuda a tornar a empatia um reflexo natural e, através da tentativa e erro, ajuda as crianças a melhor sintonizar os sentimentos e perspectivas dos outros.
3. Expanda o círculo de preocupação do seu filho: como pais e cuidadores, não é apenas importante modelarmos a apreciação por muitos tipos de pessoas. É importante que guiemos as crianças na compreensão e cuidado de muitos tipos de pessoas que são diferentes delas e que podem estar enfrentando desafios muito diferentes de seus próprios desafios.
4. Ajude as crianças a desenvolver o autocontrole e gerenciar os sentimentos de forma eficaz: Muitas vezes, quando as crianças não expressam empatia, não é porque não a têm. É porque algum sentimento ou imagem está bloqueando sua empatia. Muitas vezes, a capacidade de cuidar dos outros é sobrecarregada, por exemplo, pela raiva, vergonha, inveja ou outros sentimentos negativos. Ajudar as crianças a gerenciar esses sentimentos negativos, bem como estereótipos e preconceitos sobre os outros é muitas vezes o que “libera” sua empatia.
Para acessar mais detalhes de cada uma das dicas, acesse o link.
Segundo o psicólogo, pesquisador e autor Daniel Goleman, que escreveu para a Harvard Business Review sobre o assunto, existem três tipos de empatia:
Ele chegou nessas definições baseando-se em pesquisas realizadas na faculdade de Medicina da Universidade de Harvard. Esses estudos também apresentaram a existência do cérebro social, que pode ser explicado como partes do cérebro que realizam interações e dessa maneira nos relacionamos uns com os outros.
O psicólogo explica que o cérebro social não é constituído por uma pequena parte do cérebro humano, já que diversas partes do cérebro se relacionam para desempenhar funções que envolvem o convívio social. O termo cérebro social engloba diversas partes ativas, que abrangem todo o cérebro humano. Essas partes ativas são implicadas nas ações que executamos quando interagimos com outras pessoas.
Segundo o pesquisador e autor, esses três tipos de empatia que são diretamente ligadas ao cérebro social são primordiais para a comunicação em diversos tipos de ambientes, sejam no ambiente corporativo, em casa ou na escola. “Quando duas pessoas estão nesse estado, de total atenção um ao outro, cria-se um sentimento de bem-estar e espaço para que as trocas aconteçam, pois sentem-se protegidas e apoiadas”, conta.
O autor reforça que a capacidade de nos conectarmos verdadeiramente com as pessoas, independentemente da situação, é extremamente importante para entendermos o que os outros nos dizem e também sentem. Para aprimorar essa conexão é necessário saber escutar o outro e também fazer perguntas.
Daniel Goleman afirma: eu literalmente sinto sua dor. Meus padrões cerebrais combinam com os seus quando eu ouço você dizer uma história emocionante.
Uma pesquisa coordenada por Helen Riess em conjunto com outros médicos do Hospital Geral de Massachusetts de Boston, sugeriu que a empatia emocional pode ser desenvolvida.
Para chegar nessa conclusão, a médica criou um programa que ensinou outros médicos a realizarem uma concentração e respiração profunda do diafragma para observar as interações. “Suspendendo seu próprio envolvimento para observar o que está acontecendo dá a você uma ‘consciência consciente’ da interação sem ser completamente reativo”, explicou a médica Riess.
Ela afirma na pesquisa que se uma médica perceber que está irritada, por exemplo, pode ser um sinal de que o paciente também está incomodado.
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Michelle Borba, que é pedagoga, especialista em parenting e autora de mais de 20 livros, em entrevista para a Revista Crescer explicou que “as últimas descobertas científicas mostram que a habilidade de ser empático afeta positivamente a saúde, as finanças, traz felicidade, contribui para a satisfação que os relacionamentos proporcionam, além de aumentar a habilidade de superar adversidades no futuro. A empatia também prepara as crianças para viverem em um mundo globalizado e dá um impulso para se sair melhor na profissão”, conta.
Em seu livro Unselfie, Why Emphatetic Kids Succeed in Our All-About-Me World (Unselfie, Por Que Crianças Empáticas se Dão Bem em um Mundo Egocêntrico, em tradução livre), a autora dedica um capítulo inteiro a importância do contato das crianças com a literatura.
Segundo ela, “os livros têm o poder de transportar as crianças para outros mundos e transformar seus corações. Livros podem ser portais para entender outros universos e pontos de vista, ajudando nossas crianças a serem mais abertas às diferenças e cultivarem novas perspectivas. Nós sempre sentimos o que os personagens sentem. É como estar na pele deles – emocionalmente, pelo menos – nos identificando com seus desconfortos e sentindo as suas dores. (…) É por isso que precisamos encontrar tempo para as crianças lerem e colocá-las em contato com livros”.
Ao ler histórias ou ouvir histórias crianças conseguem ampliar as suas percepções sobre as suas próprias vidas e dessa maneira experimentam a empatia. O Truth and Tales, nosso aplicativo, também compartilha dessa visão, pois estimula que crianças e adultos percebam cada vez mais a si mesmos. Ao perceber melhor nós mesmos, também conseguimos olhar mais facilmente para o outro e dessa forma somos mais empáticos.
Texto: Débora Nazário
Empatia está em alta e vemos sendo citada em diversas palestras dos mais variados gêneros. Dizem ser a “habilidade do futuro”. Apesar de muito se falar em empatia, na prática, muitas pessoas se confundem com simpatia.
Como já foi dito no texto acima, empatia é quando nos colocamos nos sapatos de outra pessoa, quando conseguimos ver a situação a partir da perspectiva do outro. É a habilidade de experenciar os mesmos sentimentos.
Já a simpatia não é uma experiência dividida. A simpatia é nossos próprios sentimentos a partir do que nós julgamos de uma situação. Simpatia é expressar que, apesar de não souber pelo o que a outra pessoa está passando, você sente muito.
Para que a empatia ocorra, a conexão entre duas pessoas é indispensável, quer se conheçam ou não. Num mundo onde as conexões online estão cada vez mais fáceis, as físicas têm se perdido. Por isso, tenha um tempo de qualidade com seus filhos fora das telas e da internet.
O Truth and Tales, nosso aplicativo original, trabalha a empatia através das histórias infantis interativas. Isso é feito através da customização dos personagens principais, onde as crianças escolhem o tom de pele, cor e tipo de cabelo, cor dos olhos, roupas e acessórios, e etc. As crianças podem fazer as combinações mais malucas, mas geralmente montam os personagens parecidos com elas mesmas, se aproximando das suas próprias características. E isso faz com que as crianças consigam se colocar mais facilmente no lugar destes personagens, desenvolvendo a empatia.
A informação de que música clássica é bom para bebês têm circulado na internet e em grupos de pais. Mas será que o benefício é real? Se é especificamente música clássica, não sabemos. Mas um estudo feito nos Hospitais Universitários de Genebra comprovou que bebês prematuros tiveram um melhor desenvolvimento do cérebro ao ouvirem um tipo específico de música.
Os bebês prematuros que foram expostos à música na unidade de tratamento intensivo tiveram um melhor desenvolvimento de redes cerebrais, levando à uma arquitetura cerebral funcional mais parecida às dos recém-nascidos a termo.
Foi detectado que algumas áreas do cérebro dos bebês prematuros expostos à música tiveram um maior desenvolvimento. Isso impactou na percepção sensorial, nos mecanismos de atenção que facilita o aprendizado relacionado ao desenvolvimento cognitivo e perceptivo, no processamento afetivo e emocional, e nas respostas cognitivas e comportamentais.
O estudo foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Genebra e publicado em junho de 2019 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS).
Ao todo, 45 bebês participaram da pesquisa. 16 recém-nascidos a termo (que não nasceram prematuros) e 29 bebês prematuros recém-nascidos nos ambientes de terapia intensiva dos Hospitais Universitários de Genebra (HUG).
Dos 29 bebês recém-nascidos prematuros, 15 bebês eram do grupo de controle sem intervenção de música e 14 eram do grupo de controle com intervenção de música.
Segundo o artigo “Music in premature infants enhances high-level cognitive brain networks”, feito a partir dos resultados do estudo, os bebês prematuros que foram expostos a um certo tipo de música tiveram um aumento significativo no desenvolvimento das redes cerebrais em relação aos bebês prematuros que não tiveram contato com música.
O cérebro de bebês prematuros ainda são muito imaturos porque não se desenvolveram por completo no período de gestação que tiveram. Por isso, os bebês precisam ficar algum tempo na incubadora de uma unidade de tratamento intensivo para desenvolver mais.
Apesar das incubadoras imitarem o ambiente em que o bebê se encontrava no ventre da mãe, muito se perde no quesito de desenvolvimento. Segundo Petra Huppi, professora que dirigiu o trabalho da Faculdade de Medicina da UNIGE e chefe da Divisão de Desenvolvimento e Crescimento do HUG, “A imaturidade do cérebro, combinada com um ambiente sensorial perturbador, explica por que as redes neurais não se desenvolvem normalmente”.
A música que os bebês prematuros tiveram contato foi composta exclusivamente para eles e para o estudo. Foi utilizado alguns instrumentos específicos como harpa, sinos e pungi, que produziram respostas cerebrais e comportamentais em recém-nascidos prematuros em um estudo anterior.
A música foi dividida em três faixas para se adaptar ao estado de vigília do bebê: uma que ajuda o bebê a acordar; a segunda interage com o bebê acordado; e a última que ajuda o bebê a dormir.
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Visão espacial é um termo conhecido por aqueles que desenvolvem games e aplicativos ou mesmo entre profissionais da educação, mas pouco discutido por aqueles que não atuam nessas áreas.
A visão espacial começa a ser desenvolvida desde quando somos bebês. Elizabeth Spelke é psicóloga e pesquisadora de estudos do desenvolvimento em Harvard, e estuda o desenvolvimento cognitivo das crianças desde 1980.
Num artigo publicado em 2020 afirma que os bebês conseguem distinguir mudanças de ângulos e formas em desenhos. Através de gestos, os pequenos também aprendem a desenvolver senso de geometria.
Conversamos com Vânia Cristina Pires Nogueira Valente para falar sobre como a visão espacial se manifesta e é aprimorada por meio de games.
Vânia Cristina Pires Nogueira Valente é vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Tecnologia – Mestrado Profissional – FAAC/Unesp e livre docente em Representação Gráfica. Também é docente da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, e autora do livro Desenvolvimento da visão espacial por games digitais.
Segundo Vânia, visão espacial é uma série de capacidades. É uma habilidade que não é nata, ou seja, você não nasce com isso e desenvolve ao longo da vida.
“A visão espacial não é um dom, é algo que você desenvolve assim como você aprende a escrever ou a andar de bicicleta. A visão espacial é aprimorada e desenvolvida, e pode ser melhorada cada vez mais. Essa habilidade envolve imaginar objetos e coisas tridimensionais, e conceber alguma construção na sua cabeça.”
“Por exemplo, o Waze é um mapa bidimensional, mas você consegue imaginar a estrada e a esquina que você vai virar. O processo de conseguir converter esse 2D em 3D significa que você tem a habilidade de visão espacial bem desenvolvida. Ou quando você imagina um dado e consegue imaginar esse dado virando: isso é a visão espacial trabalhando”.
A professora conta que é preciso desenvolver habilidades cognitivas antes de desenvolver a visão espacial. “É necessário ter rapidez de raciocínio, noção de distância, rapidez de resposta e reflexo. É por isso também que em esportes de contato, onde é necessário ter um objetivo para atingir e calcular o tempo para se livrar do adversário, como o futebol, existem várias habilidades que são desenvolvidas, e tudo isso ajuda a desenvolver a visão espacial”.
“São várias dessas habilidades juntas, como rapidez de raciocínio e reflexo, que os games também auxiliam nesse desenvolvimento, como por exemplo os jogos de tiros, onde o jogador tem que se desvencilhar de adversários e, para isso, é necessário ter rapidez de raciocínio.”
Vânia cita o jogo Overwatch em seu livro como exemplo de jogos de ação, que também estimulam as habilidades para o desenvolvimento da visão espacial. Jogos em que existe velocidade geralmente pede rapidez de resposta. Muitos deles também contém vários elementos na tela que o jogador precisa prestar atenção. Todos esses elementos desenvolvem habilidades que levam a aprimorar a visão espacial, segundo Vânia.
“Eu gosto de alguns jogos mais específicos, como o Minecraft, onde você pode olhar objetos de diferentes pontos de vista. Você consegue navegar pelo espaço, pelo ambiente do jogo e você vê o mesmo objeto de várias posições: de cima, de frente e de lado. Isso faz com que o cérebro consiga montar objetos em 3D a partir destas visões. Indico o Minecraft para os meus alunos, para exercitar a habilidade de visão espacial deles”, explica.
Os benefícios do desenvolvimento da visão espacial propicia diversas habilidades necessárias para várias profissões, segundo Vânia.
“No meu caso, como dou aula para cursos de engenharia, design, de desenho técnico, os alunos precisam desenhar os objetos, projeções, plantas, desenhos vistos de cima e de frente e, para isso, eles precisam ter a habilidade espacial muito bem desenvolvida”.
“Eu notava nas minhas aulas que os alunos que jogavam games ou praticavam esportes de ação e contato, como futebol, tinham mais facilidade que outros. Profissionalmente é muito importante ter a visão espacial desenvolvida, e para a vida pessoal também.”
Vânia comenta que a visão espacial também é extremamente importante no ato de dirigir já que, para conduzir o veículo, o motorista deve ter atenção em diversos pontos, assim como calcular o espaço, velocidade etc.
Débora Nazário
Agora que já vimos que muitos jogos eletrônicos ajudam no desenvolvimento da visão espacial, pode surgir a dúvida: mas e a questão das crianças e jogos violentos? Esse assunto é discutido abertamente desde que os videogames se consolidaram como um entretenimento entre os jovens, há pelo menos 20 anos.
É claro que, quanto mais tarde apresentar jogos violentos para a criança, melhor. Mas jogar esse tipo de jogo no computador ou videogame não necessariamente torna a criança violenta. A mudança comportamental das crianças não tem apenas um motivo, o que também não exclui a possibilidade de jogos violentos serem um gatilho para comportamentos agressivos. Isso depende de quanto tempo essa criança joga por dia, se há um diálogo entre ela e os pais, se irmãos ou irmãs mais velhas jogam esses jogos e até da personalidade da criança.
Até mesmo a opinião dos especialistas é dividida neste assunto. Há os que defendem que jogos eletrônicos influenciam sim no comportamento das crianças, e os que defendem que não é algo que tenha um único fator, e que há uma série de acontecimentos, e não um isolado, que podem levar a esse tipo de comportamento.
Até hoje é difícil achar um artigo que dê um veredicto sobre isso. Muito provavelmente porque há muitas questões envolvidas: participação dos pais na vida da criança, relacionamento dessa criança com seus responsáveis, questões socioeconômicas, de gênero, de personalidade, e por aí vai.
Um dos únicos consensos é em relação ao tempo de tela de acordo com a idade da criança. Várias Associações e Conselhos de Pediatria ao redor do mundo indicam nenhum tempo de tela para crianças menores de 2 anos. A partir dessa idade, começa com 30 minutos e vai aumentando ao longo da faixa etária.
Outro consenso é em relação às crianças que se isolam nos jogos eletrônicos, que é um sinal de alerta. Crianças que costumam jogar no computador e videogame, mas que fazem outras atividades e hobbies, têm uma relação diferente com os eletrônicos das crianças que se isolam no computador e videogame. Se seus filhos se isolam, vale dar mais atenção a eles, oferecer outro tipo de atividade, fazer mais passeios, perguntar sobre seus amigos e etc, e ajudá-los no que for necessário.
Uma análise de 2010 da Harvard Health Publishing, da Universidade de Harvard, traz artigos de especialistas de vários lados da moeda. Alguns artigos, mais recentes na época, argumentam que muitos estudos sobre a questão da violência na mídia dependem de medidas para avaliar a agressão que não se correlacionam com a violência do mundo real – e ainda mais importante, muitos trazem abordagens observacionais que não provam causa e efeito.
Segundo esse documento, “Embora os adultos tendem a ver os videogames como isolantes e antissociais, outros estudos descobriram que a maioria dos jovens entrevistados descreveu os jogos como divertidos, emocionantes, algo para conter o tédio, algo para fazer com os amigos. Para muitos jovens, o conteúdo violento não é a atração principal.”
“Os meninos, em particular, são motivados a jogar videogame para competir e vencer. Visto neste contexto, o uso de videogames violentos pode ser semelhante ao tipo de brincadeira violenta em que os meninos se envolvem como parte do desenvolvimento normal. Os videogames oferecem mais uma saída para a competição por status ou para estabelecer uma hierarquia.”
O nosso ponto é: não é o fim do mundo se seus filhos jogam jogos eletrônicos violentos. Se esse for o caso e você tem preocupações, faça o básico:
*Por exemplo: crianças de 7 anos jogando um jogo para 16 anos é, sem dúvidas, inapropriado. Se isso acontecer, pesquise outras opções parecidas e divertidas para oferecer para essa criança, em troca do primeiro. Por exemplo: se está jogando jogo de tiros, pesquise uma opção de jogo de paintball, onde a mecânica é a mesma, mas não há a mesma violência.
Por outro lado, é muito comum adolescentes de 13 ou 14 anos jogarem jogos com idade indicativa para 16 ou 18 anos. É o ideal? Não, mas proibir só causa mais revolta, neste caso. Para fazer essa avaliação, leve em consideração algumas particularidades dos seus filhos como maturidade, sensibilidade a alguns temas e converse com eles sobre os conteúdos que aparecem no jogo (armas, violência ou qualquer outro tema que você ache inapropriado para a idade. Nessa idade, o diálogo é melhor do que tirar o jogo da criança).
Posicionamento Truth and Tales: não recomendamos que crianças menores de 4 anos consumam conteúdos em telas
Quando oferecemos ajuda para alguém, ou quando olhamos para o próximo com compaixão e, a partir disso, tomamos alguma atitude, estamos praticando a bondade. Esses atos que podem passar despercebidos pela nossa rotina fazem muito bem para o outro e também para nós mesmos. Sabe aquela sensação que você sente depois de praticar a bondade? Ela faz parte dos efeitos que a bondade genuína causa no nosso cérebro.
Em 2018, um grupo de pesquisadores britânicos da University of Sussex afirmou que atos de generosidade ativam as regiões de recompensa do cérebro.
O estudo analisou 1.150 participantes cujos cérebros foram escaneados através de exames de ressonância magnética (fMRI) ao longo de um período de dez anos com um diferencial nessa análise: a comparação feita entre o verdadeiro altruísmo e a bondade estratégica, ou seja, aquelas atitudes que são feitas esperando algo em troca ou algum tipo de reconhecimento.
“Este grande estudo levanta questões sobre as pessoas que têm motivações diferentes para dar aos outros: interesse próprio claro versus o sentimento caloroso do altruísmo”, afirmou o líder da pesquisa, Dr. Daniel Campbell-Meiklejohn em um comunicado publicado logo após a divulgação do estudo.
“A decisão de compartilhar recursos é a pedra angular de qualquer sociedade cooperativa. Sabemos que as pessoas podem escolher ser gentis porque gostam de se sentir uma ‘pessoa boa’, mas também que as pessoas podem escolher ser gentis quando pensam que pode haver algo nisso em benefício delas, como um favor retribuído ou reputação melhorada” afirmou.
Os pesquisadores descobriram que as decisões estratégicas de bondade mostraram maior atividade nas regiões do corpo estriado do cérebro do que as escolhas altruístas, que são aquelas que não se espera nada em troca. O corpo estriado atua na memória não declarativa ou implícita, que são as memórias subconscientes e algumas habilidades como andar de bicicleta ou patinar no gelo. Ou seja, atividade que fazemos “no automático”.
A bondade genuína, mais do que a bondade estratégica, ativa uma parte do cérebro chamada córtex cingulado anterior subgenual (sgACC). Estudos mostraram que o volume médio de matéria cinzenta do sgACC é anormalmente reduzido em indivíduos com transtorno depressivo maior (TDM) e transtorno bipolar, independentemente do estado de humor.
O córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC) está envolvido nas decisões generosas e é responsável por diferenciar esses dois tipos de bondade. O córtex pré-frontal ventromedial participa do processamento de risco e de medo, já que faz um importante papel na regulação da atividade da amígdala. O vmPFC também desempenha um papel importante na inibição de respostas emocionais e no processo de tomada de decisão e autocontrole, além de estar envolvido no senso de moralidade.
Ou seja, pessoas que praticam mais bondade genuína ativam mais a parte do cérebro que regula a amígdala, mantendo o nível de stress em equilíbrio. Ao praticar a bondade genuína, o cérebro também trabalha regiões que, se não forem muito ativas, são relacionadas com depressão e bipolaridade. Portanto, após essas análises, os pesquisadores concluíram que é muito mais prazeroso quando somos bondosos de forma genuína.
Ao pesquisar sobre os efeitos da bondade em nosso cérebro, encontramos a Random Acts of Kindness Foundation, uma organização sem fins lucrativos que investe recursos para tornar a gentileza amplamente praticada pelas pessoas, seja em casa, na escola ou no ambiente de trabalho. Essa iniciativa é baseada em estudos científicos que comprovam que podemos viver melhor ao praticar a bondade.
Outras funções comprovadas que envolve praticar a bondade:
O hormônio do amor chamado ocitocina é liberado quando realizamos atos de bondade. Essa liberação ajuda a reduzir a pressão arterial e a melhorar a saúde geral do coração. – Natalie Angier, The New York Times.
Metade dos participantes de um estudo relatou se sentirem mais fortalecidos e com mais energia depois de ajudar os outros. Alguns relataram também se sentirem mais calmos e menos deprimidos. – Christine Carter, UC Berkeley, Greater Good Science Center.
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Um estudo realizado pela professora Dr. Lynn Alden da University of British Columbia e pela psicóloga Jennifer Trex indica que a ansiedade social pode diminuir ao praticar a bondade.
Para a pesquisa, os autores recrutaram 115 estudantes de graduação que apresentavam altos níveis de ansiedade social. Esses participantes foram divididos de maneira aleatória em três grupos para uma intervenção que durou quatro semanas.
Um dos grupos foi incentivado a realizar atos de bondade; outro grupo foi exposto a interações sociais; e o terceiro não recebeu instruções, foi pedido apenas que os participantes fizessem registros de suas rotinas. Os resultados mostraram que a maior diminuição no desejo de evitar interações sociais foi observada entre os indivíduos que foram incentivados a realizar atos de gentileza.
“O objetivo central do tratamento para o transtorno de ansiedade social é aumentar o envolvimento em situações sociais, que os indivíduos socialmente ansiosos costumam evitar. Os exercícios de exposição social podem ser aprimorados encorajando indivíduos ansiosos a se concentrarem em ações amáveis. Portanto, abrir a porta para um vizinho que está empurrando um carrinho de bebê, agradecer aos balconistas da mercearia pela ajuda ou oferecer um café para um colega de trabalho pode ser uma boa maneira de começar a exposição social”, relatou a professora.
A professora Lynn Alden explicou também que atos de bondade podem ajudar a combater o medo da pessoa socialmente ansiosa de uma avaliação negativa de terceiros, promovendo percepções e expectativas mais positivas de como as outras pessoas irão reagir.
“Descobrimos que qualquer ato gentil parecia ter o mesmo benefício, mesmo pequenos gestos como abrir a porta para alguém ou dizer “obrigado” ao motorista do ônibus. A gentileza não precisa envolver dinheiro ou esforços demorados, embora alguns de nossos participantes o fizessem. A gentileza nem precisava ser “cara a cara”. Por exemplo, atos de bondade podem incluir doar para uma instituição de caridade ou colocar uma moeda no parquímetro de alguém quando você perceber que ele está piscando. Estudos feitos por outros pesquisadores sugerem que é importante que o ato gentil seja feito por si mesmo, e que não pareça coagido ou seja feito para benefício pessoal. Tirando isso, vale tudo”, explicou.
A ocitocina, hormônio produzido através do calor emocional, age na redução dos níveis de radicais livres e a inflamação no sistema cardiovascular e, dessa forma, retarda o envelhecimento na origem. Os radicais livres e a inflamação no sistema cardiovascular desempenham um papel relevante e é por isso que podemos dizer que a bondade faz bem também para o coração.
Algumas revistas científicas já publicaram estudos sobre a forte ligação entre a compaixão e a atividade do nervo vago. O nervo vago, além de regular a frequência cardíaca, também é responsável por controlar os níveis de inflamação no corpo.
Um estudo analisou a meditação de budistas tibetanos e descobriu que a bondade e a compaixão auxiliam na redução da inflamação no corpo, provavelmente devido aos seus efeitos no nervo vago.
Essas análises estão presentes no livro “The Five Side Effects of Kindness: This Book Will Make You Feel Better, Be Happier & Live Longer” escrito pelo Dr. David R. Hamilton, que é formado em Química Orgânica e trabalhou durante vários anos na indústria farmacêutica desenvolvendo medicamentos para tratar doenças cardiovasculares.
Todas essas informações falam da bondade genuína. Genuíno significa puro, real, verdadeiro. É importante levar isso em consideração porque ninguém pode cobrar atos de bondade genuína das pessoas. Essas ações vêm de forma espontânea, direto do coração.
Aos papais e mamães: dar o exemplo realmente é uma forma de mostrar para as crianças como fazer o bem faz bem, mas forçar situações não é a solução. Se você não está num dia bom, não force nada que não queira fazer para “ser um bom exemplo aos seus filhos”. Isso não irá fazer bem a você e nem aos pequenos. Também evite cobrar boas ações das crianças. Ninguém vai deixar de ser uma boa pessoa porque não segurou a porta para alguém entrar.
Deixe que essas qualidades sejam manifestadas por elas mesmas, sem forçar ou incentivar. A beleza e os benefícios da genuinidade é deixar que venha e se manifeste de forma espontânea. Não se preocupe em “ser mais bondoso” ou “ensinar os filhos a ser bons”. A bondade está dentro de todo mundo, basta percebê-la e deixá-la manifestar.
O termo desenvolvimento cognitivo é bastante citado por terapeutas, médicos e educadores. Nós também já usamos essas duas palavras em diversos conteúdos que publicamos aqui no blog. Mas você sabe o que ele significa?
Em entrevista realizada em dezembro de 2019 o médico Drauzio Varella explicou um pouco sobre o desenvolvimento cognitivo.
“A gente nasce com todo o equipamento neurológico ‘armado’, mas não pronto. O cérebro é uma miniatura do cérebro adulto, morfologicamente falando, a forma está bem estabelecida. Só o que faz o desenvolvimento das atividades cognitivas não é a forma do cérebro, não são os neurônios. São as ligações entre eles, porque é por ali que vai correr a informação, através dessas conexões que são estabelecidas. Se você estimula essas conexões, com brincadeiras, inventando histórias e lendo para a criança, ela vai desenvolvendo uma capacidade cognitiva baseada no estímulo das formações das sinapses, que são os contatos entre os neurônios”, explicou.
Para explicar um pouco mais sobre essas conexões que acontecem no nosso cérebro, vamos apresentar três conceitos fundamentais sobre o desenvolvimento na primeira infância desenvolvidos pelo Conselho Científico Nacional da Criança em Desenvolvimento da universidade de Harvard.
Esses três conceitos mostram como os avanços na neurociência, biologia molecular e genômica dão uma compreensão muito melhor de como as primeiras experiências são construídas em nossos corpos e cérebros, para melhor ou para pior.
As experiências vividas pelas crianças durante os primeiros anos de vida têm impacto duradouro na arquitetura do cérebro e no desenvolvimento. Os genes representam o diagrama a ser executado, mas as experiências moldam o processo que define se o cérebro formará uma base forte ou fraca para aprendizagem, comportamento e saúde ao longo da vida.
Durante essa fase importante do desenvolvimento, bilhões de células cerebrais chamadas neurônios enviam sinais elétricos para se comunicarem entre si. Essas conexões formam os circuitos que estabelecem a arquitetura básica do cérebro. Circuitos e conexões se multiplicam rapidamente e se fortalecem por meio do uso frequente.
Nossas experiências e o ambiente em que vivemos determinam quais circuitos e conexões são mais usados. As conexões mais usadas se fortalecem e se tornam permanentes, enquanto as conexões pouco usadas desaparecem através de um processo normal chamado poda. Os circuitos simples se formam primeiro, constituindo a base sobre a qual os mais complexos serão formados depois.
É através desse processo que os neurônios formam circuitos e conexões para emoções, habilidades motoras, controle do comportamento, lógica, linguagem e memória. Tudo isso acontece durante os períodos iniciais do desenvolvimento.
Com o uso repetido, os circuitos se tornam mais eficientes e se conectam mais rapidamente às outras áreas do cérebro. Embora se origine em áreas específicas do cérebro, os circuitos são interligados e não se pode ter um tipo de habilidade sem as demais para complementá-la. É como na construção de uma casa, tudo está conectado, e o que vem primeiro forma a base para o que virá depois.
Uma arquitetura sólida do cérebro se forma por meio do jogo de ação e reação entre a criança e os adultos. Nesse jogo de desenvolvimento, os neurônios formam novas conexões no cérebro na medida em que a criança instintivamente faz expressões com o rosto, sons e gestos, e o adulto reage de maneira bem significativa e com o foco na ação da criança.
Isso começa bem cedo na vida, quando um bebê tenta se expressar e o adulto interage chamando a atenção do bebê para o seu rosto ou a sua mão. Essa interação forma as bases da arquitetura cerebral a partir da qual todo desenvolvimento futuro será construído.
O jogo de ação e reação ajuda a criar conexões por meio dos neurônios em todas as áreas do cérebro, estabelecendo as habilidades emocionais e cognitivas que as crianças precisam para viver. Por exemplo: as habilidades de linguagem e de alfabetização se formam quando um bebê vê um objeto e o adulto pronuncia o nome desse objeto. Isso cria conexões dentro do cérebro do bebê entre sons específicos e objetos correspondentes.
Mais tarde, os adultos mostram às crianças que tais objetos e sons também podem ser representados por marcas em uma página. Com apoio constante dos adultos, as crianças aprendem a decifrar essa escrita e, então, a escrever. Cada etapa se constrói a partir da anterior.
Assegurar que as crianças tenham cuidadores envolvidos no jogo de ação e reação desde os primeiros meses é promover a construção de uma base sólida no cérebro para toda aprendizagem, o comportamento e a saúde pelo resto da vida.
Aprender a lidar com o estresse é uma parte importante do desenvolvimento saudável. Quando vivenciamos a experiência do estresse, o sistema de resposta a ele é ativado, o corpo e o cérebro ficam em alerta, a adrenalina toma conta e os batimentos cardíacos aumentam, bem como os níveis de hormônios de estresse.
O estresse é aliviado quando a criança recebe apoio acolhedor de um adulto. O corpo da criança reage à resposta do adulto e, em pouco tempo, desacelera e volta ao normal. Em situações severas como abuso e negligência contínuos ou quando não há um adulto acolhedor para amortecer os impactos do estresse, a resposta ao estresse continua ativada. Mesmo quando não há dano físico aparente, a falta prolongada de atendimento por parte dos adultos pode ativar o sistema de resposta ao estresse.
A ativação constante de resposta ao estresse sobrecarrega os sistemas em desenvolvimento. O resultado disso são consequências sérias e duradouras para a criança, e esse processo é conhecido como estresse tóxico. Ao longo do tempo, ele resulta num sistema de resposta ao estresse permanentemente em alerta.
A ciência mostra que a ativação prolongada aos hormônios de estresse na primeira infância pode reduzir o número de conexões neuronais nessas regiões importantes do cérebro num período em que as crianças deveriam estar desenvolvendo conexões novas. O estresse tóxico pode ser evitado se assegurarmos que os ambientes nos quais as crianças crescem e se desenvolvem são acolhedores, estáveis e estimulantes.
Jack Shonkoff, diretor do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard, fala sobre o desenvolvimento na primeira infância e a saúde ao longo da vida. Ele explica que uma das mensagens mais importantes que vêm da nova ciência nos obriga a conectar o cérebro ao resto do corpo. “O que acontece no início não é importante apenas para o aprendizado, para o desenvolvimento social e emocional, e para o desempenho escolar, mas é uma influência importante em sua saúde física e mental para o resto de sua vida”.
Jack também conta que não existem cérebros perfeitos ou sistemas imunológicos perfeitos. “Como crescemos, como aprendemos e como é a nossa saúde está relacionado com a interação entre a nossa programação genética individual ao nascer e sobre o que são as nossas experiências de vida. E a parte mais importante de nossas experiências de vida é o ambiente de relacionamentos em que crescemos. Assim como o ambiente físico também tem a sua importância. Quão seguro ele é? Quão protegidos ou expostos estamos a substâncias tóxicas no meio ambiente? Quanto espaço temos para nos movimentar? Todas essas coisas juntas, interagindo com a ideia de que todos são únicos do ponto de vista genético, resultam em uma ampla gama de desenvolvimento”.
Para entendermos como a pedagogia explica o desenvolvimento cognitivo, conversamos com a Carol Mota, que é pedagoga, psicopedagoga clínica e autora da obra “Autismo na Educação Infantil: Um Olhar para Interação Social e Inclusão Escolar“. Ela explicou que o brincar é a melhor forma de estimular esse desenvolvimento.
“Na medida em que as crianças brincam, elas estão aprendendo o tempo todo. Quando brincam explorando algum brinquedo específico que envolve a questão espacial ou as questões sensoriais, por exemplo, vai estimular o raciocínio lógico e também a memória”, disse.
“No momento em que brincam entre si, elas também estão aprendendo uma forma de se relacionar com o outro e isso vai expandindo os processos cognitivos. Precisamos pensar que, embora os processos cognitivos existam, eles não se expandem fora de um contexto cultural e de interação social. É interagindo com os outros, com troca interativa entre os pares, entre crianças ou adultos, que a criança se apropria de novas habilidades”, explicou a pedagoga.
Carol destacou que mais do que jogos que estimulam o raciocínio, o mais importante e fundamental é sempre a interação que acontece nesses momentos.
“A interação social, a troca interativa: é nela que vamos trabalhar essas questões de modo mais significativo. Na medida que interagimos, nos comunicamos e dialogamos com outra pessoa, nós precisamos refletir sobre o nosso comportamento, precisamos pensar em que resposta vamos dar a determinada pergunta. Conforme estamos refletindo e formulando questões, os nossos processos cognitivos estão ativos e nesse diálogo entre eu e o outro, é quando esses processos vão se expandindo, quando o desenvolvimento cognitivo vai emergindo”.
“É com a brincadeira que as crianças vão aprender a utilizar seus corpos, partindo do contato com diferentes linguagens, que podem envolver música, artes plásticas etc. Assim, a criança vai conhecer o outro e o mundo através de diversas perspectivas diferentes, e isso auxilia nas habilidades cognitivas”, contou a psicopedagoga.
Texto: Débora Nazário